Não estou pronta... (SONETO II)

Acho que não estou pronta. Creio que nunca estarei.

Porque surgem tantos detalhes, tantos assuntos,

E não sei se poderei lidar com todos sem prantos.

Nem me lembro, todavia como na verdade comecei.

Sonho, e na ausência parece simples o que sonhei.

Simples como a aranha tece a armadilha, do destino.

Então caio de súbito no abismo, como fosse sem tino.

Mesmo meu poema fica fraco, foge ao que idealizei.

Rabisco o sonho, como arte inacabada, ponto-a-ponto.

Incerteza que não me apaga, mas me deixa a mancha.

Qual discípulo da duvida recolho meu sonho ao canto.

Então, sei que jamais estarei pronta. Ainda assim vou!

Buscar esse sonho tal qual perola escondida em concha.

Sabendo que ao menos algum caminho meu pé trilhou.

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P.S: Agradeço ao gentil poeta Afonso Martini, que me pacientemente me orientou habilmente quanto a detalhes da composição de um soneto. Estou sempre a disposição para suas dicas... Obrigada querido!