MUSA MORENA

MUSA MORENA

Ó musa peregrina, em alabastro esculpida,

a corvejar carências tantas e energias.

Não procuras diálogo, só poesias,

Mórbidos tons deitados na palma da vida.

Plúmbeas nuvens medrosas circundam vazias,

carências várias de afeto, eu sei; a alma ferida.

Do fado te queixas, amiúde, esquecida

Quando a sina és tu mesma e a fez como querias.

A existência não é a mansa pomba da neve

e o amor é capítulo do livro das dores;

a incúria de instantes fez-se ventura breve.

Mas, ah! A vida é tão bela e tem outros sabores.

Um sopro humorado faz o fardo mais leve

nas fraldas do tempo, quiçá, novos amores.

Afonso Martini

170311

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 23/03/2011
Reeditado em 26/03/2011
Código do texto: T2865869
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