OS VITALÍCIOS* [CCLXXXII]

Quem eterno queira no poder tornar-se,

bem dá provas n’arte da politiquice,

pois querer reinar sem fim é gulodice,

mesmo como lá dormir e aquartelar-se.

No poder, gestores devem alternar-se,

mas, ficando, só nos vem é mais mesmice;

não projetam, pendem para a canalhice

e se dão ao rol dos bois que vão fartar-se.

Já blindados por mui bela imunidade,

os tais pulhas garfam cargos de destaque,

com cinismo, para além da impunidade.

No placar das vacas gordas, eis a insídia:

a Nação a cada novo pleito um baque

e os calhordas vitalícios rindo à mídia.

Fort., 05/04/2011.

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(*) SONETO em hendecassílabos.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 05/04/2011
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