Intertextualidade filosófica
"Em qualquer país em que o talento e a virtude não produzam progresso, o dinheiro será a divindade nacional". Denis Diderot
Mandamento capital
Herculano Alencar
O capital ostena a bandeira
do lucro como meio de progresso
e faz a conta exata do sucesso
por quanto se carrega na carteira.
Para o dinheiro nunca há excesso:
quanto mais rico, mais se é genial!
E assim vai-se tornando o capital
a máxima virtude do progresso.
O resto é apenas utopia,
qual verso que engasgou a poesia
na goela do poeta que escreveu.
Não há virtude alguma no talento.
O capital só tem um mandamento:
o lucro é mais divino do que Deus.
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"O primeiro homem que inventou de cercar uma parcela de terra e dizer "isto é meu", e encontrou gente suficientemente ingênua para acreditar nisso, foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos crimes, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado a humanidade se aquele, arrancando as cercas, tivesse gritado: Não, impostor." Jean-Jacques Rousseau
Propriedade privada
Herculano Alencar
E Deus criou a terra, o céu, o mar...
o rio, a floresta, o por do sol...
o som do sabiá, do rouxinol...
a noite, as estrelas, o luar...
Criou os animais, de par em par,
e para cada par um grande amor.
Não deu a seu niguém, o Criador,
direito de alguém se apropriar.
E Deus então criou o ser humano,
que foi evoluindo com os anos
até sobrepujar o próprio Deus:
Cercou o rio, o mar, o céu e a terra...
assassinou seus pares, fez a guerra...
e pôs-se a repetir: —É tudo meu!