Soneto para esperar setembro.

Cabe a voz conceber em silêncio seu drama

Sem jamais se privar da lição dos sentidos,

Quanto mais transbordar inundando no ouvido,

Sendo a foz, defender a ilusão que proclama.

De silêncio, de som vê-se as cordas da trama

A tecer no sem fim dos remotos ruídos

Suceder não e sim de algum canto partido

Na dormência do dom e nas luzes do coma.

Pois o tempo dirá sem temer tal Quimera

Quando a espera for mais que o cansaço dos ombros

A palavra formal que liberta e pondera

Outra vez nascerá de um audaz desassombro

A beleza sem par que cantou primaveras,

Pois a flor brotará sobre a lira de escombros.