AI TEMPO

Ai, tempo: feroz tempo que me mata.

Por que insistes tanto em passar?

Devias ser mais lento. Ir devagar,

ser moroso: andamento de sonata.

Ai, tempo. Meu pedido desacatas.

Terminas meus momentos de sonhar.

Tu findas os meus instantes de amar;

meus florescentes sonhos tu desmatas.

Ah! Tempo. Como tu te aceleraste!

A viva argila tu corrois fremente...

Conheço-te, e nunca me enganaste.

Ah! Tempo. Tu és bem maior que o Mundo.

A tua ação deveras permanente

é o que me pesa – e que pesar profundo!