A um canalha

Canalha que não paga o chão que pisa,

para quem a palavra nada vale,

não tem nenhum pudor que lhe resvale

pela face dissimulada e lisa.

Eu vos desejo bons anos de doença;

que o azar não o poupe ou discrimine

de, por tal vida de mentira e crime,

ter o câncer atroz por recompensa.

Se Deus quiser há de chegar o dia

que ao vos ver na rua como cão vadio,

a padecer de frio e dor e sede,

ganindo as fomes dessa antologia,

serei então piedoso e direi: Vê-de,

toma esta esmola; o prato está vazio.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 03/08/2011
Reeditado em 23/01/2019
Código do texto: T3137656
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.