Soneto das coisas que ficam e vão

Quando tudo pode ser apenas nada

Quando nada pode ser simplesmente tudo

e ainda assim partir e não ser em vão.

Quando o mínimo for igual ao máximo

extraido de algum dividendo impossível

o que se substrai é a prova real da emoção.

De quantas somas e multiplicações somos feitos

e de idas e vindas, de rios que continuam correndo

de história, memórias, esquecimentos, momentos

De quantas saudades sobrevive o coração.

E cada pensamento que se preenche desses dias e noites -

pouco tempo, tempo livre, ausência, solidão…

e tu comes, bebes, sentes, sofres

- estão todos nós cheios das coisas que ficam, mas se vão.