Desejo póstumo

Nunca esqueci a pá contra o tijolo

sobre o esquife no qual nos separamos,

quando fugia o sol murchando os ramos

e triste ave soltava um mesto arrolo.

Entre as preces que fiz, em desconsolo,

plantei dúzias da flor que mais amamos,

fiando que à estação, que então sonhamos

virás, e este amor hás de recompô-lo...

Quisera ter poderes, dons enormes,

e crer que, tal qual Lázaro, querida,

não estás morta, em paz, apenas dormes,

e, extático, abraçar-te com ternura,

como te bem fizera outrora em vida,

depois de te livrar da sepultura!

Reginaldo Costa de Albuquerque
Enviado por Reginaldo Costa de Albuquerque em 12/12/2006
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T316380