Soneto explicativo

Não tenho mais tempo pra te sentir, por isso escrevo-te.

Então que saia de mim todo esse pranto poético!

E que sangre toda minha ira e angústia em verso…

de cada frase não dita e vírgula escondida.

Não há em mim menor vestígio de paz

rasga-se cada pedaço de minh’alma em tristeza,

coração dilacera-se em desesperada solidão.

Pensamentos: confunsão, ineficaz, fugaz, audaz!

Não forão meus os desejos cumpridos,

apenas exigências de um mundo distante e fingindo;

quando tudo pretendia-se ser belo e aplaudido.

Não disse todas as palavras que me cabiam,

agora só me sufoca todo esse vocábulo desprovido de significação

que guardado aqui – tão dentro – não passa de discurso vão!