O grito

Seja isto sadomasoquismo ou não,

nesta imagem de dor que não desmancha

ouço o grito de Munch: é como a mancha

que filtra o medo em toda solidão.

Desse olhar de cão guia, as quatro patas

hão de enterrar meus ossos, já cansados,

no campo onde se inumam degredados

sob as bandeiras de navios piratas.

A vaidade rasgada, vã e ancha,

a gemer igual flandres na trancha,

tinge de sangue a arrebentação.

Na andrógina angústia de acrobatas,

somos sobra da sombra das sucatas

de um ímpio rabo que perdeu seu cão.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 04/09/2011
Código do texto: T3200029
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