ASAS DA ALMA

Com todos fui apenas uma prisioneira,

mas em tuas mãos minh’alma criou asas.

Sobrevoei com elas por cima das casas

brancas, com patamares de amoreiras.

Consegui, dessa forma, ser a primeira,

a chegar onde tudo, enfim, se extravasa:

nos sonhos, nas vontades e nas covas razas,

onde estão sepultadas as brincadeiras.

No céu, rabiscos criam atrativas cores,

com uma cor vermelha, de sangue vivo

bem semelhante ao mar, de encantadas flores

Senti o coração doer sem teu incentivo,

porque não entendeste bem as minhas dores,

cortando-me as asas sem nenhum motivo.