Soneto de Crucificação

Deus meu, Tu és a fonte d'águas vivas

Grandíssimo Senhor, inigualável

T'a glória é pra mim inalcançável

E ecoa a todo canto as rogativas:

Atai-me, Jesus Cristo, atai-me os braços

Pregai m'as mãos e pés, vertei-me sangue

Deixai que esteja unido, e fraco, e langue

Na via dolorosa estar meus passos.

A cruz que é vil, maldita, fez-me santo

Que rude altar! Novilho imaculado...

Levou as culpas Cristo sem pecado.

Ao ressurreto, pois, eu me quebranto

T'a graça me atraiu, deixou-me atado

Rogando "crucifica-me ao Teu lado".

//Soneto inspirado no poema "Buscando a Cristo" de Gregório de Matos. Não pude deixar de dispor esse maravilhoso soneto dele:

A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas abertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 14/09/2011
Código do texto: T3218589
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