DOR DO NADA

DOR DO NADA

Plúmbea tristeza envolve-me a alma embriagada

no meu quarto escuro, sem janelas, que é a vida

quem sabe é esta a hora da minha despedida

pois só sinto o vácuo no peito; a dor do nada.

.

se aos deuses do olímpo apraz seja removido

do meu cálice a amara cicuta sagrada

que fere e que machuca, que mata irmanada

só porque se ama e fez infeliz escolhida

A vida é feita de surpresas inefáveis

Mas meu fado côa-as todas, só fica a dor;

surpresas sólidas, êneas, desagradáveis

se há surpresas em doces grandezas – bolor

a sina encharca escolhas de marca - louváveis

e abre a porta à dor e à mágoa... menos ao amor.

300911 – Afonso Martini

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 02/10/2011
Código do texto: T3252604
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.