Último flagrante

Fui sempre um estrangeiro de mim próprio,

dos fazeres ausentes despejados

para ermas vastidões de ambos os lados

desse mistério de feitio impróprio.

Quanta vez atei improváveis fios

de tecer noites frias, de procela,

em que o céu, a lua e até mesmo a estrela

Vésper blasfemavam culpas e arrepios.

Os espelhos de seda brilham gritos

de qualquer dor antiga renascida

que em tudo perscruta olhos aflitos;

pressente a estranha sombra insinuante

que, esquiva, esconde a mão à despedida,

mas não escapa ao último flagrante.

(Publicado originalmente no Primeiro Programa (www.primeiroprograma.com.br/site/website) em junho de 2011.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 14/10/2011
Reeditado em 15/10/2011
Código do texto: T3277052
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