Vejo brotar na neblina campal, um lírio

Vejo brotar na neblina campal, um lírio

O ar denso cobre ainda a campina inteira

Quando a flor, valente, com grande sacrifício

Abandona a terra, raiz, sua casa primeira

Para beleza visual aos homens; seu ofício.

Quando a contemplamos nós de alguma maneira,

Somos quase que acometidos do martírio

Em que se acham as toras diante da fogueira!

Comovidas, elas espiam o fogo ardente

Querendo salvarem-se do termo vindouro

(Como foi o lírio, ante o romper nascente).

Mas logo entregam-se à chama reluzente,

Pois à tora talhada lhe coroa o louro

de mesmo morta, não ser apenas semente!

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 11/11/2011
Código do texto: T3330884