Gargalha, ri, num riso de tormenta,
     Como um palhaço, que desengonçado,
     Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
     De uma ironia e de uma dor violenta.
      
 
     Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
     Agita os guizos, e convulsionado
     Salta, gavroche, salta clown, varado
     Pelo estertor dessa agonia lenta...
      
 
     Pedem-te bis e um bis não se despreza!
     Vamos! retesa os músculos, retesa
     Nessas macabras piruetas d'aço...
      
 
     E embora caias sobre o chão, fremente,
     Afogado em teu sangue estuoso e quente
     Ri! Coração, tristíssimo palhaço.

                                                   (do livro “Broquéis”)
 
 
Créditos:
www.biblio.com.br/
www.bibvirt.futuro.usp.br  



João da Cruz e Sousa (Brasil)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 20/11/2011
Reeditado em 23/11/2011
Código do texto: T3347264