O POETA E O MAR
O poeta e o mar
Ondas que tocam faces das eternidades
Provindas doutros tempos antigos
Formaram oceanos, enormes abrigos.
Para monstros marinhos de primitividades
Intocadas dentro das próprias virgindades
Externam nas formas misteriosos jazigos
Espectros etéreos, fabulosos inimigos
Como reles sargaços, vis sujidades
Devoraram outrora bravos marinheiros
Pelas forças, trucidados corpos inteiros
Engolidos como simples folhas no chão
Apenas resquícios brotaram partidos
De homens que foram por eras perdidos
Nas águas oceânicas da imensidão
Sereias cantam em ilhas do Atlântico
Para iludir em sonhos distantes
Através de lépidas canções tonantes
Das lérias frias do falsário cântico
Imbuídas no tempo do perjuro semântico
Levaram incontáveis, bravos navegantes
Para as esferas das águas reinantes
Mas, o poeta tão frágil e romântico
Vê-las e os navegantes com o encanto nos olhos
São atraídos para morrer em escolhos
Naufragam e padecem sem sentir
Os dentes da morte com ancia ferozes
Também ouvia o chamado das vozes.
Mas o poeta jamais pudera ir.
Vira ao longe, aparições titânicas
Digladiarem sobre águas maviosas
Como o confronto de mentes poderosas
No circulo azul de forças mecânicas
Um homem contempla dimensões orgânicas
Para descobrir as vidas fabulosas
Encontra seres com formas monstruosas
Nas profundezas escuras e oceânicas
Quão Charles David começa a estudar
Através das técnicas, tenta decifrar
A origem de toda essa vida imensa
Depara-se com enigmas indecifráveis
Ao esmiuçar organismos inismiuçáveis
Buscando saber o que o outro não pensa.
Espectros surgem das profundezas do mar,
Como quimeras de inimaginárias esferas,
Navegantes olham as horrendas quimeras,
E são hipnotizados pela força do olhar.
Caem no abismo marítimo e milenar,
Feito pelas mãos das passagens das eras,
Abrigando fantasmas, mórbidas panteras
Para assombrar quem por ele passar.
Vários marujos foram tragados
Nas sepulturas marítimas sepulcrados,
Submersos nas águas com os monstros marinhos.
Medusas circulam nos corpos mortos,
Petrificados na escuridão, imóveis e tortos,
E o poeta na praia ao vê-los sozinhos.