CURA

Em horas infindáveis transmutado

O tempo ao meu redor, violento, escoa

Levando, como os ventos de um tornado,

O choro que meus olhos enevoa

E por tanto sofrer sem ter pecado

Quero deixar-me aqui, co'um riso à toa,

Para esquecer o cheiro almiscarado

Que tem cada letal lembrança boa...

E toda nova cura que se eleva

Em meio ao turbilhão de luz e névoa

Que encerro em meu sorriso reticente

Traz sempre um punhal de sangue tinto

Fincado no sagrado do que eu sinto

Para deixar-me, após, tão mais doente...

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 17/12/2011
Código do texto: T3393248
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