A ANDORINHA MORTA

Jazia em plena calçada, jogada a um canto de rua esquecida

Com sua inconfundível e lustrosa capa preta,

De alvíssimo peito, ausente de pulsação e de vida

Uma pobre andorinha beijando o frio chão da sarjeta

O que te matou pobre avezinha, o que te roubou do peito

O pulsar do coração e do corpo o agitar de asas alegres,

Quem foi que mal te fez, abateu-te, prostrou-te no chão deste jeito.

Sem amigas, sem eiras nem beiras, nem telhados como albergues?

Já não voas, não fitas mais o horizonte, não contemplas o azul infinito...

Não te encantas mais com a aurora, nem sonhas no ocaso ao findar o dia.

No amanhã que viria, nos espaços que viajarias, nos vôos rasantes e bonitos...

Só resta agora o corpo sem vida e daqui a pouco extinto.

E se algum caridoso sepultura não te der, pasto serás com certeza

De um cão vagabundo ou de algum gato faminto.

JMercês

14/1/2012

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 14/01/2012
Código do texto: T3440234
Classificação de conteúdo: seguro