Anjo Adormecido
Os lábios roxos, pálpebras cerradas;
As mãos languentes tão angelicais
Ao peito se juntavam, atreladas,
Em forma de um adeus, de nunca mais.
Rendilhas claras, rosas costuradas;
Ebúrneos véus envoltos e finais...
Também por sobre a tez, esparramadas,
Longas madeixas, áureas, virginais.
E assim dormia — bela adormecida —
Era uma anjinha cândida e estendida
Ao berço derradeiro que a deitaram...
Porém um fato ainda me é suspeito,
Onde naquele féretro atro, estreito,
As suas lindas asas colocaram?!
30 de outubro de 2011
* Versos decassílabos.