VICE-VERSA

Era a carne a vestimenta rósea da sua alma

Podia ter, tinha o poder, dever da poesia

O Poeta tinha, podia, o Poeta devia

Inquietar-se para depois buscar calma.

Sentia que do corpo o calor emanava

Da alma que conhecia, explorava os sentidos

Frio na espinha acompanhado de gemidos

Febre e delírio: refrigério o sufocava.

Sufocado podia ousar e criar seu verso

Tinha de versar sobre a ousadia imprudente

Dever tinha sob o poder do reverso, mas...

quando a paixão tomava dele, de repente

Eram corpo e alma a revestirem-se do anverso, até

que o próprio invólucro explodisse latente.