DESERTO

Ela escolheu semente alada e leve,

depositou na areia do deserto.

Depois verteu ali um choro incerto

e seu caminho um círculo descreve.

Deixou cair a pena sobre a neve

e da geleira, tudo viu coberto

pelo silêncio – ausência sempre breve,

a própria pena, a dor ali tão perto.

Buscou no céu, num voo alto e louco

algum sinal, de um broto, de uma folha,

alguma vida além dos seus sentidos...

Nesse deserto o pranto vale pouco,

a planta morre, não lhe resta escolha,

na insensatez dos sentimentos idos.

nilzaazzi.blogspot.com.br