Vento Plangente

"Não gosto, quando à noite, a chuva forte

Desmancha-se em airosa ventania

Uivando pelas frestas feito morte

Varando a madrugada em agonia."

Sergio Marcio

Escuta o melindroso e atroz lamento;

Deste vento que passa tão dolente.

Já viu ele, no mundo, dor demente;

E derrama aqui pranto sonolento.

Escuta o canto lúgubre do vento,

O réquiem tão constante, atro, plangente,

Lamentando p'ra todo ser vivente;

A morte deste mundo tão languento.

Com tristíssima e suave melodia,

Chora ele, com pesar assaz profundo,

Toda tristeza vil de cada dia.

Chora também o vento, como chora,

Junto às dores e mágoas deste mundo,

A morte que, em meu peito triste, mora.

Ivan Eugênio da Cunha
Enviado por Ivan Eugênio da Cunha em 24/01/2012
Reeditado em 05/02/2013
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