A aranha e o berço

O mundo é uma aranha invadindo um berço.

Onde está repousado teu sono? Ele é bem guardado?

Se a alma é uma criança que está em meu resguardo,

às vezes a aranha a envenena; é que me esqueço...

Negligencio a vigília, fico descuidado.

E a pobre criança, que é o Eu que exerço,

tem muitos de seus órgãos necrosados,

tem sobre a fronte a imagem da cruz e de um terço.

Quantas são as infelizes vitimadas pela aranha;

Suas oito patas nos cercam desde a entranha,

são vários os efeitos, do que em nós ela inocula.

Cada qual reinventa para si um antídoto,

para que a dor não torne-a um ser imoto,

um berço onde não só é enxertado peçonha,

como se acumula...

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 19/02/2012
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