A FOTOGRAFIA [CCCXXIV]
(À cumplicidade dos meus olhos)
Eis, na foto, um derrame de ternura;
e meus olhos se afogam onde os boto,
em funil, cavoucando o mais remoto,
ponto a ponto, na tua formosura.
À medida que embarco na procura
para ver com desvelo o que te noto,
feito um bobo guri, leio-te a foto,
tal o afeto que emprego à partitura.
Jamais, dantes, qualquer fotografia
o olhar de um menestrel enfeitiçara,
por ordem da meiguice e da magia.
Tua imagem marcante, inesquecível,
vai morar dos meus olhos na seara,
pois da lousa da mente irremovível.
Fort., 07/03/2012.