... ET IN PÚLVEREM REVERTÉRIS

“Meménto homo, quia pulvis es, et in púlverem revertéris.”

Missa de Quarta-Feira de Cinzas

Depois da orgia estava embalsamado

Entre rubros lençóis o efebo só.

Nos seus sonhos estava ali deitado

À rigidez da carne, ao brilho em pó.

A carne nua em brilho de brocado

Era beleza simples e sem dó

Fisgava o sábio grego apaixonado

P’ra tatear de novo a carne, o pó...

Que corpo glacial! De luz, dormente...

E que sangue nobre! Pálido rubor...

E, pondo as mãos no peito intensamente

Do lívido rapaz dos cemitérios

Já não tinha na Terra mais fulgor...

Era agora um deus grego em céus etéreos...