FAMINTO FALCONIDAE

Garboso e altaneiro deixa os ares o faminto caçador.

No muro do meu quintal, solene aterrissa e sem pressa

Empoleira-se sobre o muro com faro e tino de predador,

Um belo gavião que espia e procura por incauta presa.

Buscava um desjejum matinal, o papo estava vazio

Cara de mau, olhos de lince, fome de vadio cão,

Procurava manjares palacianos, queria comida fina,

Dispensava “boia fria”, com pouco se contentaria não!

Foi o que salvou um cascudo, repelente e feio tropidurus

Que pelo terreiro chispando passa, morrendo de medo

Do belo emplumado que impávido ainda sobre o muro

A esperar continuava por petiscos mais saborosos

Que lhe trouxessem sabores e odores de indefesos ninhos,

De distraídas arribações, de desviadas aves e do engaiolado canarinho...

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 30/04/2012
Reeditado em 30/04/2012
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