FAMINTO FALCONIDAE
Garboso e altaneiro deixa os ares o faminto caçador.
No muro do meu quintal, solene aterrissa e sem pressa
Empoleira-se sobre o muro com faro e tino de predador,
Um belo gavião que espia e procura por incauta presa.
Buscava um desjejum matinal, o papo estava vazio
Cara de mau, olhos de lince, fome de vadio cão,
Procurava manjares palacianos, queria comida fina,
Dispensava “boia fria”, com pouco se contentaria não!
Foi o que salvou um cascudo, repelente e feio tropidurus
Que pelo terreiro chispando passa, morrendo de medo
Do belo emplumado que impávido ainda sobre o muro
A esperar continuava por petiscos mais saborosos
Que lhe trouxessem sabores e odores de indefesos ninhos,
De distraídas arribações, de desviadas aves e do engaiolado canarinho...