Frágil círio

Se desmaio frio nesse azulejo

"Navegar não é preciso"

Porque iria eu até ao Tejo

Se houvesse lá os corais do seu sorriso.

Mas apenas é esta sala que eu vejo

Onde esmagada minha cabeça piso

E um resto de poesia gaguejo

Tentando recobrar meu corpo inciso

Esmorecido, nem sei mais o que digo...

Mais e mais de mim escapo

Quero contemplar-me além de um postigo

"À parte isso", tudo é delírio

"Tenho em mim todos os sonhos"

Que não haja o mundo derretê-los, como frágil círio.

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 12/05/2012
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