FLORETA

Esse dragão, que habita na saída

do mundo escuro, abismo de outras feras,

se cospe fogo e a muitos intimida,

revela antigo o seu saber, pudera!

Guarda os confins da terra mais temida,

onde ninguém jamais soube quem era,

sem permissão, sem ter direito à vida,

no breve espaço de uma primavera.

O velho monstro, sempre avesso à luz,

produz as cinzas, faz seu próprio leito,

e, nele, a sombra mais cruel reduz

à sensação de um luto insatisfeito.

No campo ao lado, ao pé da velha cruz,

a flor singela de um amor-perfeito.

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