Sonho (II)

Numa noite macabra e opressiva,

Sonhei com uma lívida figura;

Esbelta e imota, de feição tão dura;

Que fez-me questionar se estava viva.

Perante a tal figura tão passiva,

Questionei "oh! quem és, queda criatura?";

E ela, ao voltar p'ra mim a face pura,

Falou-me com voz doce e corrosiva:

"Eu sou a punição dos inocentes,

A masmorra que prende e turva as mentes,

A ilusão de voar, caindo em dor...

Sou matéria do júbilo incorpóreo,

O paraíso, inferno e purgatório...

Sou tua insanidade... Eu sou o Amor."

Ivan Eugênio da Cunha
Enviado por Ivan Eugênio da Cunha em 21/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
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