Soneto do tecelão

Não sei da origem, do nome e da ligação.

Parece fio tecelado, teia de um azul esbranquiçado.

Ténue, tramado, continuamente esticado.

Não arrebenta, testa minha dedicação.

Neste me acomodo, me estorvo e me embalo.

Eternizo-me num emaranhado sem fim.

Este me acolhe entre nós e intervalo.

Acariciado sigo perpetuado como alecrim.

Minha ideia fervilha; vomita.

Entre outros prantos, este fio hemafrodita.

Tecelando sigo recitado, sem dó do fim.

Quem me dera conhecer esta quimera.

Reconhecer seus entre-nós e atalhos.

Antes sou vassalo que criador desta fera.

Sou ténue igual o mundo tramado, não me culpe.

Não me estranhe, sou fruto, história, novelo enrolado.

Casulo de um tecelão descontado, sem dó de mim.