A Tempestade

E verga o velho mastro aos haustos da tormenta,
e ruge mais ainda os ventos, seus zunidos...
o céu escancarado o seu negror ostenta
a despencar a água, aos raios sandecidos.

Intrépido barqueiro, o mar não afugenta...
com homens, baldes, corda e paus desguarnecidos
a embarcação defende aos vagalhões que enfrenta
do temporal tamanho, e poucos já vividos.

No tropel da borrasca, os homens, bravamente,
de encontro à tempestade, a sós no oceano,
gigantes são agora ao fragor da procela...

Barco desarvorado é noz em mar demente,
e náufragos, a prenda, ao revoltoso insano...
não fora Deus que acalma o mar, enfuna a vela.


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02/04/2009


In Mares Afora... VipWork Editora, São Paulo, 2010, p.33