Soneto da esperança

SONETO DA ESPERANÇA

Se nesse egrégio argênteo espelho que figura

realçando do sul um marulhar soturno,

murmure embora versos esse vate taciturno,

amargura-me o coração nossa fonte viva e pura

perder-se,sem brindar aos amantes a ternura

de um beijo com ornatos de sal,viço noturno;

encarceramos com o grilhão de ódio, com agrura

a natureza; espalha-se o fel enquanto durmo.

Mesmo que em fúria desmedida,

enlameado ao temporal violento

espalhe meus sonetos pelo mundo,

aqui tomba a esperança fenecida;

mas nosso mar há de vazar o tempo

e alguém fará mil versos mais fecundos!

Chaplin
Enviado por Chaplin em 12/02/2007
Código do texto: T378522