SEM PROPÓSITO
Juliana Valis




Se a lua me desse luz, apenas,

Se o sol para sempre me levasse,

Talvez visse estrelas sós, pequenas,

Transcendendo o vácuo de todo vil impasse




Se a lua me desse abrigo eterno,

Se o sol eternamente nos sorrisse,

Talvez não houvesse todo este inverno

Da humana sina em tanta idiotice 



Mas como sou, de fato, simplesmente nada,

Tudo se perde nos versos de labirintos sós,

No ardor da fé, em qualquer estrada...




E como lua e sol são sempre e apenas faces

De uma mesma angústia perdida em nós,

Talvez o sonho perca a voz em tantos vis impasses.