Onde anda a luz que tu tanto procuras

Onde anda a luz que tu tanto procuras,

a expectativa, o prazer e a ilusão?

O verso bom que se faz sem rasuras,

que só existe, sem porquê, sem razão?

Onde anda o sonho que em ti se alastrava,

te alimentava o lirismo e a paixão?

Cadê o calor e as borbulhas da lava

que te escorria, ebulindo teu chão

e te queimava por dentro em desejo?

É quando dormes que trazes à tona

o que em vigília tu escondes com pejo,

na lentidão dessa vida serena,

com tanta paz, tanta calma, que às vezes

tu até te iludes e pensas que é plena?