VIVA O CIO

Enquanto canto o ardor por entre ventres,

musas reclusas no torpor do sexo,

num rito aflito, e com o instinto tinto

fitam e gritam alguns sons sem nexo.

Embora outrora até coubesse a prece

da paixão, não recai mais sobre mim

o ardor do amor macio, maduro, e puro,

carinho e ninho é o que estou a fim.

Não mais existe o triste amor sofrido,

nem mais os sais de alucinados fados,

há só o forró de alguns enroscos toscos.

Aposentei a lei do deus cupido,

que caia a raia das decentes mentes,

viva a lascivia, viva o cio vadio.

Michel – Blumenau