Relha da Vida
RELHA DA VIDA
António Castel-Branco
A essência voluptuosa se liberta,
fragrância já esquecida pelos deuses,
libertando tua alma dos reveses
que a prendem qual grilheta entreaberta.
Repousas com o cosmos por coberta
deixando os teus sentidos por conveses
de naves afundadas várias vezes
em busca de tesouro em parte incerta.
E enquanto te manténs a flutuar,
teu corpo preparado para amar,
desvendas o mistério do sofrer...
contendo do divino uma centelha,
um reforço requer como uma relha,
pra cumprir o objectivo de viver.
Sintra, 04/02/2007