'A uma artista plástica - II
Calada, no aconchego da oficina,
Entre telas, pincéis e várias tintas,
Pensas em mim - eu sei -, enquanto pintas,
Como pensar, em ti, é minha sina!
Ora um quadro começa, outro termina...
Passa o tempo, veloz, sem que tu sintas
As tuas mãos - frenéticas, famintas -
Procuram, sem querer, outra rotina:
Escreves-me, enquanto tu meditas
Em haver, entre nós, tanta distância,
Que também eu não entendi direito...
Se é meu coração que tu habitas,
É inaceitável esta circunstância,
Se ele reside dentro do meu peito!