Neste cálix de vinho ardente, a tua..."
Neste cálix de vinho ardente, a tua
Imprevista lembrança vem-me a cara.
Vê como dança, ondula ali, repara:
Molda a borda um perfil que se insinua...
Talvez encontre paz fitando a lua...
Penso. E vou-me à janela. (que luz rara!)
Sou só num mar e Deus já não ampara
Meu coração que foge na falua...
Volto-me ao vinho. É tarde. E a noite enorme
Dorme em recamos vítreos e dosséis.
Só quem pena de amor, porém, não dorme...
Se é loucura, meu bem, que se me invade,
Que me acudam, ó mortos Menestréis!
Afastem do meu peito esta saudade!
QUINTINIANO
in: Sírius, 2013