Gaivota

O carroção do tempo arrasta os remos

dos barcos esquecidos nas marinas,

onde o sol brilha em bocas clandestinas

lembranças que gozamos e sofremos.

O barco despojado dos extremos,

entre casco e areias purpurinas,

traz um resto de rede em malhas finas

que evocam os futuros que perdemos.

No horizonte tecido de vazio,

com os olhos opacos dos enfermos

e o desejo enredado no amavio,

vou ser esta contradição em termos:

sobre as estrofes, caudaloso rio,

e a magra gaivota nos céus ermos.

(Publicado originalmente no www.algoadizer.com.br em setembro de 2012)

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 15/01/2013
Código do texto: T4086885
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