Soneto do Grito (tres em um)

Vão se os bons

Sobram os loucos

Entoar todos os tons

Músicas, ruídos um pouco

Tormenta, insegurança, indefeso

Sintonia do absurdo

Correr pra onde não vejo

Permanecer quieto e mudo

Esse tal de silêncio

Me cala, me cinge

Maltrata meu pensamento

Acaba de vez

Só um pouco

Em dor, suor, sentimento

Tolo e insensato

Rasga uma lágrima

Corre pelo rosto

E nem imagina

Onde começa ou termina

Sobre a pele que arde

Sobre o tempo que finda

E a desculpa nunca aceita

E o perdão nunca visto

Segue a vida, segue a vida

Segue o fraco, segue o forte

Acaba o tempo,

Vem a mudança, fica ameaça

Faz presente o escuro

O doce que só em sonho

Que perdura na outra página

Já virada, e o abandono

É insana é amarga

Atinge em cheio o ponto

Bem no centro, percebido

E a dor no peito

Invade a alma e fica

Esse tempo que não passa

Que aperta, me sufoca

Penso como era bom

Quero o ontem já de volta

E a rude incerteza

Do amanhã nunca chegar

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 12/03/2007
Reeditado em 12/03/2007
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