Fetiche
Se do fetiche das revoluções
somos órfãos definitivamente,
por que é que lá no fundo a gente sente
a nostalgia das próprias frustrações?
Há muita história para ser escrita,
novos roteiros a serem traçados,
onde o destino dos desamparados
não seja o porto da última desdita.
E se o mundo não for mais que ilusão,
se a vida cotidiana for somente
um sonho repetido à exaustão?
Germinar para dentro da semente,
buscar lógica na contradição
é o que nos faz ver sempre o diferente.