Senha
Envelhecer é perceber limite,
e é ofegar numa distância igual
a uma outra repetida tal e qual.
É perder para si e achar-se quite.
Mais longo é o percurso até o passado
e mais curto o caminho prematuro.
As lembranças recentes esconjuro;
meu pente de memória está esgotado.
Para eclodir meu verso no futuro
vou me semear onde eu germine puro
e o amanhã possa chegar mais cedo.
Na senha encantada de um poema triste
há um grito que acusa e um dedo em riste
que o poeta aponta contra o próprio medo.
(Publicado originalmente em www.algoadizer.com.br edição de novembro de 2012)