Noturna
A noite é entrecortada pelas preces
E ecoa nela um grito transparente
Eu sigo no meu passo, molemente,
Pensando com quem mesmo te pareces.
Não falo com ninguém pra não saber
Que cada casa olha triste a rua.
Um galo canta, a noite já recua
- O dia se prepara pra nascer.
Nos pontos se aglomeram os ofícios
Do velho labutar madrugador
De lutas, de suor, de sacrifícios
E eu transponho tonto o portão
Jogando sobre a cama a minha dor
Rezando pra sonhar um sonho bom