Soneto do Fim

Virei meus olhos à dor total. Dentro

De minha alma vi pétreas as palavras

Que a mim já foram áureas. São agora

Somente minhas amargas tempestades.

Da minha boca fúnebre sai agora

O epitáfio da vida, a lei última:

Toda chama, no fim, a si consome.

Onde era luz, agora nasceu o nada.

Com todas essas máscaras felizes

Mal sabeis vós – há tempos descobri –

Que o futuro é criança natimorta.

Passados são seus sonhos de infância!

Crepusculando os atos da Criação

Vem o Fim, a abocanhar nosso mundo.