AO DORMIR
Ao dormir sinto um pouco da morte;
Ensaiando o deitar no meu caixão,
Sei que não vejo nada, nem a sorte
Que me roubara, um dia, a escuridão.
Nada deixo, nada fica, nem consorte,
Nem amor, mas sim, um ódio vão,
Um mundo que não me dá suporte;
Tantas lacunas e pouca exatidão.
Ó agente que o corpo embalsama,
Que dia a dor me deixará? Em breve?
Pois a todos a sombria morte chama.
Ledo queria, eu, que fosse agora,
Um solavanco ou um sopro longo e leve,
Oxalá que fosse esta a hora!
19/03/2013