ARCO-ÍRIS


I

Debaixo do arco-íris tem um lume
De estrelas cintilando à refração
Gotículas de orvalho onde se assume
Que o amor espelha o nosso coração

Debaixo dizem ter um pote de ouro
Pudera eu crer nessa insana tolice
Deve ser, pois, quem sabe ave de agouro
Pois eu nem mesmo sei quem isso disse

E então enamorado nesse amor
Prometi trazer tudo o que lá tinha
Mas triste sussurrou a menininha

“Meu bem, em todas elas tem a cor
Bucólica do Ocaso te esperando
E o Adeus será já noite ali chorando”

II

À casa onde morava minha amada
De tão furna congelou todo o ser
Cores ciprestes não deixaram nada
E fui morrendo sem me perceber

Em flamas meu espírito se ardeu
Ao descobrir já bem tarde da noite
Que a Vida era um vil urubu ateu
Que as cores eram negras como açoite

Eu voltei, tarde, mas ainda a prazo
De estar junto na beira da calçada
Cantando, olhando as aves (nesse pranto)

Qual voa, e se despede ante esse caso...
Que pouco lhe almejara outro canto
Ó Adeus! Noite lá fora sob um manto...
jairomellis
Enviado por jairomellis em 24/03/2007
Código do texto: T424117
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