AMBIÇÃO INÚTIL

Numa oração profana, e cheia de desejos,

descamo os meus sentidos como fosse um deus,

para fazer do sexo o altar de loucos beijos

galgando as indecências próprias dos ateus.

E nos impuros lábios decanto e festejo,

espraio a terra inteira no tom do apogeu,

para implacavelmente cobrir o molejo

sentindo teus prazeres como fossem meus.

Se riscas minhas costas deslumbro e deliro,

transformo-me num místico degenerado

entrelaçado à carne tal qual um vampiro.

E é quando vês estrelas que fico encantado,

mas volto à realidade ouvindo os teus suspiros

sabendo que me tens sem nunca ter me amado.