Angústia (in memoriam de Fernando Pessoa)

Fui Caeiro, Reis e Álvaro de Campos,

e fui também meu ortônimo poeta,

em que a magia da chave mais secreta

era como revoada de hipocampos.

Fui magos, feiticeiras e adivinhas;

fragmentos de poesia inacabada,

e, em Pessoa, outra pessoa decalcada,

fingindo-me cardume de andorinhas.

Sou hoje encruzilhada e labirinto,

e linha, anzol e o susto da fisgada,

ou a borra no fim do vinho tinto.

Sou céu e mar que avisto da amurada,

e essas nuvens de névoa que eu pressinto.

Sou o choro por dentro da risada!

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 14/06/2013
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